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Revoluções


As revoluções como motores da história

                Marx afirmou que a religião é o ópio do povo. A chamada idade média foi o período da dominação católica em grandes proporções, em função de não haver os chamados estados nacionais, que depois formados, se tornaram forças que ocuparam o vácuo antes ocupado pela presença da igreja. A construção dos chamados estados nacionais que entravam em choque em vários núcleos distantes de Roma tem ao longo desse processo, divergências que alimentam autonomia, independência e por fim quase que num rompimento completo. Se houvesse de fato um rompimento completo, as colônias de exploração e povoamento, especialmente na América e África poderiam ter um desdobramento diferente deste que observamos. Sabemos que o Brasil invadido por holandeses e franceses que buscavam aqui refugio em virtude de perseguições religiosas na Europa, poderiam ter contribuído de forma significativa para um estado diferente de coisas. Como foi dito, eles vieram para povoar. O entrelaçamento de interesses religiosos com os da burguesia foi em função de defender interesses. A igreja legitimava o poder monárquico que agora surgia e em troca recebia benesses e sustento para as regalias do alto clero. Obviamente, toda história medieval apreciada por Marx, revela uma igreja que ao seu modo de ver, foi instrumento delirante, de uma realidade mantida, graças a essa droga que os escravizava e justificada pelos ditadores religiosos do poder, em nome de Deus.
                A falta de um motor que regesse e aprofundassem mudanças mais radicais no longo período medieval, não foi somente a presença dominante da igreja. Foi à falta de ingredientes, de fatores que combinados resultariam em mudanças mais profundas. Esses fatores foram gradativamente sendo construídos ao longo desse período de tempo, chamado história medieval e moderna. Esse conjunto de fatores inclusive advinha de insatisfações que brotavam dentro da igreja e fomentavam gradativamente novos ideais que culminaram com reforma protestante. Nesse sentido a religião ajudou o motor da história com elementos próprios, mesmo que os radicais comunistas consideram que tal participação foi por interesses da burguesia, que utilizaram o movimento como trampolim para a concretização desses interesses, é inegável que o espirito democrático da reforma permitiu a contestação desta ditadura do politicamente correto até então empunhado pela igreja. A reforma protestante, embora fosse consequência de um estado religioso, impregnado na vida social causando escravidão e insatisfação, em todos de um modo geral, a principio, produziu resultados para a burguesia destes estados nacionais cada vez mais solidificados. No entanto, as consequências posteriores se estenderam a todos indistintamente, inclusive preparam terreno para ideias novas e divergentes. O espirito democrático e tolerante do cristianismo, na explicação de Marx pode ser o ópio do povo, em virtude de repudiar poderes impostos, seja pela violência da revolução ou por uma escravidão ao politicamente correto, que contraria aos autoritarismos impostos, defendidos por ele.
                A igreja cristã nos seus primórdios ensinava a obediência ao estado exposto. O apostolo Paulo,  na sua carta aos Romanos pede para que seus leitores se submetam as autoridades divinamente colocadas. O fato de Paulo defender essa submissão ao estado, não significa que ele necessariamente aprovasse toda tomada de decisões feitas por Ele. Ele se coloca como alguém que antes de ser submisso ao estado, está submisso a Deus que é soberano e que controla o desenrolar da história para determinado fim. A construção da historia já esta patente aos olhos daquele que sabiamente e soberanamente tem em si toda onisciência. Nesse sentido, como cristãos, não temos controle da história, mas podemos ser inspirados a viver da melhor forma possível a história que esse Deus já conhece. Deus nesse sentido é uma força externa e não se confunde com uma criação, que estaria a deriva, como presumem os comunistas. Pelo contrario, como imagem e semelhança de Deus, o homem tem um papel mais nobre do que apenas ser instrumento de circunstâncias que se quer criar para determinados fins.

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