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Sem ditadura do politicamente correto


                 Encontrar o caminho e ter plena certeza de que é o correto depois que se esta nele é um grande desafio. Não gostamos e não queremos desperdiçar tempo dinheiro, pois a vida é muito bela e desfrutar ao máximo dela é o nosso grande desejo. Mas, se fizermos da vida uma grande aventura e ao invés de nos preocuparmos em estar certo, fizermos de cada pequeno instante, descobertas que nos tiram do previsível e que com simplicidade nos tirem do fixo e do roteiro programável, não seria a vida mais cativante e apaixonada?
     Temos o costume de seguir um padrão. O que a maioria faz é o que julgamos ser o certo, enfim, a maioria não pode estar errada e não queremos quebrar um costume, uma cultura que todos indistintamente julgamos estar certos e não queremos fazer diferente, para não sermos considerados loucos. E se a maioria estiver equivocada? E se eu quebrando a regra do politicamente correto não estiver tão errado como penso e como julgo que outros pensariam? Sim. Pois quem pode dizer se aquilo que a maioria vive é de fato saudável, afinal qual é ponto que posso usar como referencia, se um determinado padrão é correto só porque a maioria faz? A maioria pode estar errada. Se nossa sociedade tem se tornado cada vez mais egoísta, com aumento generalizado de violência, fome e outras mazelas mais, então, por mais funcional que ela possa ser, ela não precisa estar necessariamente correta.
   Tem se debatido sobre o fim da história. Existe uma máxima que diz que as revoluções são o motor da história. O descontentamento generalizado de grande uma maioria diante de uma ordem exposta que produziram revoltas e mobilização popular é o combustível que fomentava as transformações. Mas como posso mobilizar e estar insatisfeito se estiver abrigado embaixo do politicamente correto que me empurra para o já padronizado da maioria. Não posso ser original a ponto de expressar meu ponto de vista, sem que este esteja condicionado àquilo que a maioria já faz e pensa. Se o fizer, serei execrado, taxado de preconceituoso, enfim, não posso ferir uma ideologia geral e se o fizer serei um fora de lei e uma ameaça à ordem pública e a qual todos precisam estar sujeitos.
   A ameaça real e mais perigosa não é aquela que nos reprime com violência descarada e desproporcional. A ameaça mais real é aquela em que a maioria está num estado geral de apatia. Anestesiada pela droga do comodismo que me faz ser igual a todos. Um comportamento controlado não por forças violentas de dominação que me veem como uma ameaça, mas onde me dou por satisfeito por conseguir satisfazer e ter um pensar padronizado. Naquilo que todos fazem e esperam.
                A maximização da liberdade e da democracia tem gerado  e dispersado forças de pensamento convergente. A maximização da expressão tem diluído a busca por uma verdade objetiva e libertadora, por supostas verdades pessoais que utilizo dentro do meu âmbito pessoal de influência, pois não posso quebrar o protocolo, daquilo que a maioria faz. Se o fizer, serei taxado de louco e perturbado. Enfim, não posso quebrar regras que ferem o bom viver comum. Uma das armas utilizadas por revolucionários era de dividir o inimigo, onde então conseguia se impor uma ideia por se encontrar um ambiente diluído em virtude dele estar lutando contra si mesmo. Embora fosse uma ideia de expoentes lideres de esquerda é uma ideia que se propaga hoje, a passos largos e dentro de um contexto de ampla liberdade de expressão. A liberdade de expressão dilui a verdade convergente e mobilizadora e faz cada qual pensar por si e em si. Por mais que existam formas de expressão elas se abrigam embaixo do politicamente correto. E o politicamente correto me reprime afim de que permaneço embaixo dessa ditadura do  politicamente correto e esse imperceptivelmente é a opinião da maioria.
  A ampla liberdade dispersa forças unidas, por propósitos semelhantes e divergentes, do atual estado, propostas. Quando se dilui esses propósitos, quando necessário de força, mais forte e violenta será. O uso arbitrário e reprimidor, quando utilizado, mais intenso necessário e justificável será. Vivemos uma espécie de lei da selva, porque a medida que se tolera o divergente para cumprir uma agenda da boa vizinhança, mais a frieza generalizada instaurada estará. Essa alegada preocupação com a liberdade alheia e plena que redunda na libertinagem, nada mais que uma indiferença generalizada. Fruto do comodismo ela não requer rupturas, ela quer coadunar, abrir brechas para ser e fazer parte.
    A imposição acontece não por força. Pela ditadura sutil da maioria. Felicidade é invejar, fazer igual mais, ou melhor.  É uma concorrência hedonista. E uma concorrência sutil que não une e sim gera frieza, pois o próximo é sempre visto como um concorrente a ser batido. Quando se o abate não se o faz medindo os escrúpulos, muito menos com moral e ética. Essa concorrência que faz uso das armas que se tem, gera a frieza, o desamor, o tratar como um objeto sujo e descartável o próximo. Ela pode fazer comportar como propunha os evolucionistas, como animais, que precisam ser aptos para permanecer. A sociedade comum nada mais do que essa busca louca e desesperada, de se fazer parte, custe o que custar.

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