O
propósito desta teologia não é de concorrer com as demais publicadas ou ser uma
exposição de ideias rebuscadas em busca de apreciação e glória. Deus não muda
isso é fato, no entanto, as circunstâncias se desenvolvem e a compreensão de um
Deus imutável permeia a mente daqueles que são o objeto da sua soberania,
dentro de um contexto onde filosofias variadas seduzem. Deus não muda. Ele é
eterno transcendente e onisciente. Esse ambiente novo não o surpreende e nem
foge do domínio da sua soberania, junto com os outros atributos da sua
divindade. Não é Deus que carece de compreensão e sim nós, pois diante de um
ambiente com enganos sutis, estamos propensos a ter ideias errôneas no que
concerne a essência do conteúdo bíblico. Podemos ter a plena certeza de que
Deus mediante o Espirito Santo quer nos conduzir a toda verdade. Sua vontade é
que não estejamos confusos ou enganados e sim confiantes e iluminados para caminharmos
rumo ao propósito que Ele tem para nós.
Deus
e a matéria não são um.
Um
antigo ensino clássico denominado panteísmo continua influenciando fortemente.
Seu ensino deduz que a deidade do homem precisa se equilibrar com a divindade
da natureza. Numa busca pelo equilibro, que passa pelo despertar da sua
divindade, o homem é ensinado que tem em si mesmo todo potencial e todos os elementos
para o despertamento dessa divindade. Assumindo ser divino o homem é ensinado
que não precisa mais de leis, padrões e verdades objetivas. Pois é ele que
nessa condição constrói sua realidade. Os medos, os complexos, traumas e outros
males presentes na natureza pecaminosa e caída no homem são interpretados como
a não expressão de sua divindade. A literatura de autoajuda que ensina a busca
pela solução e compreensão dos problemas a partir de si mesmo é o reflexo dessa
filosofia hoje presente de forma sutil e enganosa. O panteísmo na sua linha de
ação materializa o espiritual ou espiritualiza o material. Disso surge o
materialismo que é tema de ideologia social ou o misticismo com seus variantes
(esoterismo, ocultismo). A solução das consequências do pecado não está mais na
morte de Cristo na cruz e sim numa filosofia que gera um conhecimento que não
se tinha e que desconsidera cada vez mais o termo pecado e o substitui por uma
ignorância que se tinha de si próprio, pela falta de um autoconhecimento não
praticado e não reconhecido como tal. Em
suma, o panteísmo destrona o Deus pessoal bíblico soberano e coloca em cena um
Deus impessoal fraco dependente e refém de causas e efeitos. A solução do
conflito entre o homem, natureza e Deus é a busca pela iluminação de modo que
ele então compreende seu papel divino junto com o todo.
O
propósito máximo da Bíblia é revelar a glória de Deus.
Como
humano que somos tendemos a considerar que o Evangelho é um manual que visa
enaltecer e colocar o homem no centro da história bíblica. Sim, a revelação Bíblica
trata basicamente do restabelecimento do homem caído com o Deus autor de sua
criação e o meio pelo qual esse restabelecimento é possível. No entanto, a
iniciativa e exigência são de Deus e ao homem cabe a escolha de aceitar o favor
em pró dele. A filosofia secular que incentiva e fomenta um ideal de viver
requintado através dos diversos meios de comunicação, influencia de modo que o
contexto com suas expectativas acabam seduzindo, para que o Evangelho satisfaça
tal ideal. A admoestação do apostolo Paulo sobre esse contexto e sobre os
pregadores que fomentariam através de prelações tal estilo de vida deve nos
levar a sobriedade e vigilância para que também não sejamos enganados. Se o
propósito da Bíblia é revelar a glória de Deus, ela tem a suficiência e os
meios, para que tal glória seja buscada,
sem o sincretismo sútil e enganador de filosofias seculares. Obviamente que o
contexto urbanista e moderno, diferente do contexto no qual as Escrituras foram
escritas, hoje emplaca sobre o homem nele inserido, um estilo de vida árido,
artificial, raso e pragmático. Pregar a palavra que produz fé e que advêm na
sua formulação, de um ambiente bem diferente do que hoje experimentamos, é mais
impactante e revolucionário pelo fato desse contraste ser mais intenso e
exigente em proporção da intensificação da rebeldia do homem contra Deus. A
Palavra já revelada hoje tem o desafio de ser mais eficiente sem que o meio na
qual é difusa a minimize como autoridade nas questões de fé que englobam o
viver diário do cristão.
Quando interpretamos a criação tendo
como fonte o acaso entregue a si mesmo,
retirando todo aspecto espiritual e distinto por detrás dela, estamos
reforçando a tese do materialismo e tratando a criação com frieza. Assim, essa
frieza justifica e permeia ações de lideranças que se colocam de forma arbitraria
em nome de uma luta de classes, onde o mais apto e forte permanece. O ensino
bíblico que tem sua ênfase no espirito e que se fortalece pautado pela lei
espiritual é um estorvo às pretensões daqueles que esse impõe por essa lei
natural e paradoxal a essência da verdadeira espiritualidade. Isso justifica a
crueldade no trato aqueles que se impõem contra esse espirito violento e
impositivo. A espiritualidade cristã se pauta pela não obsessão da imposição
pragmática senão pela submissão a lei espiritual que obedece e entende os
caminhos sob a autoridade e domínio de um ente separado, que não se processa
junto com as transformações. Esse ente é Deus e Ele e inconfundível. Pelo fato
de seus seguidores seguirem a pessoa que personificou sua divindade na humanidade
em Cristo, eles estão certos de que suas vidas estão sob o domínio daquele que
tem o controle da história e a conduz para determinado fim.
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